sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Limite

Há muito tempo eu estou indignado com as diretrizes e valores da nossa Nação e da nossa Sociedade, indignação compartilhada por uma grande parcela de brasileiros. Por que agora de maneira totalmente inesperada esse movimento nacional floresce? É surpreendente, pois o que mudou ou agravou-se de modo tão marcante para justificar tamanha revolta? Nossos problemas são os mesmos, todavia toda indignação tem um limite, um limite que nem sempre é bem definido e por vezes ultrapassado sem aviso.

Ironicamente o catalisador dos protestos foram as manifestações pelo aumento de 20 centavos na tarifa do transporte público em São Paulo. Manifestações iniciadas pela nossa esquerda que não tem lá muito brilhantismo - cegos pelo PT e por ideais regurgitados e anacrônicos. Foram pegos de surpresa e viram algo muito maior nascer. Saíram fora, pois a verdade é que para eles bastavam os 20 centavos. 

A nossa esquerda menospreza a classe média - como se eles próprios não fossem de classe média em sua maioria - argumentando que as manifestações foram abarcadas pela "extrema direita", pelos "anti-partidários" e que estamos no perigo iminente de um golpe. Levantam as semelhanças com 1964. Reclamam que estão sendo hostilizados nas ruas, algo realmente errado, mas não olham para o próprio umbigo. Sentem-se os únicos dignos de protestar na rua, pois são eles - e unicamente eles - que protestam nas ruas há tantos anos defendendo as minorias. Eles são os donos da voz do povo. Não enxergam a importância histórica do que está acontecendo, menosprezam os motivos por considerá-los "vagos demais".

A nossa esquerda é tão politicamente correta. Repreende a violência com todas suas forças, exige seu direito democrático - o que, repito, de fato é um direito - de protestar com bandeiras na rua ao mesmo tempo que falam no nome de Che Guevara. Ora, afinal a violência de uma ditadura, a violência da tortura, justifica a luta armada! Nada justifica a violência para mim, nem o pior dos regimes. Essa é a contradição da nossa esquerda. Dilma Roussef condena a violência dos protestos! A violência dos protestos é uma resposta a opressão surda e subterrânea a qual todos nós somos submetidos. O vandalismo é uma resposta primitiva de pessoas limitadas. Não é de se espantar que a nossa própria Presidente participou da luta armada.

Mas não me entenda mal, não há nada de errado com a esquerda. Há, sim, algo de muito errado com a nossa esquerda. Antiquada, incompreensivelmente revolucionária e reacionária ao mesmo tempo, sempre tentando apropriar-se das conquistas dos outros, sempre tentando subverter a história a seu favor, iniciando suas frases sempre com companheiros.

A violência das ruas, repito,  a violência contra a nossa esquerda - e também contra o patrimônio público - é uma resposta inadequada e ineficaz a tamanha contradição e opressão travestida de democracia. É claro que os motivos de revolta parecem vagos. Mas os motivos são todos aqueles que nós conseguimos perceber pelo estômago. Precisamos nos depurar, esclarecer e conduzir o povo para uma verdadeira mudança em outubro de 2014. Qual será o nome escolhido? Confesso que ainda não tenho essa resposta, mas é necessário construir a verdadeira esquerda para algum dia surgir um país verdadeiramente melhor.